Por @cesarversoecopy
É curioso como adoramos dizer que “a educação é a base de tudo”.
O problema é que, na prática, essa base parece feita de areia.
Quando falamos de educação cultural, o discurso é ainda mais bonito:
“Precisamos formar cidadãos críticos, criativos e conscientes.”
Mas aí a aula de arte vira intervalo para corrigir tarefa de matemática.
O teatro da escola é usado para reunião de pais.
E a música… fica para a festa de fim de ano.
O resultado é óbvio: crianças crescem achando que cultura é passatempo.
Que dança é “coisa de quem não gosta de estudar”.
E a criatividade vai sendo domesticada, até caber dentro de um formulário.
Não é falta de talento. É falta de prioridade.
E não adianta dizer que “o problema é falta de recurso”,
porque recurso existe para o que se decide ser importante.
Quando há interesse político, o dinheiro aparece.
Quando não há, quem aparece é a desculpa.
Educação cultural de verdade não ensina apenas
a desenhar, cantar ou atuar.
Ensina a interpretar o mundo, a questionar, a criar soluções,
Ensina a se reconhecer na própria história.
Mas isso exige mais do que um professor apaixonado tentando
fazer milagres com um orçamento que mal compra tinta guache.
Enquanto continuarmos fingindo que valorizamos a educação cultural,
vamos seguir formando gerações que sabem repetir datas, mas não
sabem reconhecer o valor do que vivem.
E isso, no fim, é muito mais caro do que qualquer
investimento que poderíamos ter feito.