No início, parecia só brincadeira.
Uma criança com um celular na mão, rindo com os amigos,
inventando cenas, imitando personagens.
Mas ali já havia algo maior. Havia linguagem, expressão,
desejo de contar o mundo do seu próprio jeito.
Foi assim, quase sem querer, que nasceram muitas oficinas
de audiovisual em escolas públicas pelo Brasil.
Como resposta à pergunta:
“E se a gente escutasse o que as crianças têm a dizer?”
E quando essa escuta é real, o resultado é surpreendente.
Dentro de uma sala de aula, uma câmera ligada faz surgir
uma roda de conversa, uma pauta coletiva, um roteiro
imaginado de forma pura e natural.
O audiovisual transforma o silêncio em voz.
O tímido em protagonista.
Mais do que técnica, essas oficinas despertam o senso de equipe,
o olhar crítico, a escrita, a oralidade, o planejamento.
E ensinam o valor de errar, regravar, revisar.
Tudo sem perder a alegria do processo.
Há alunos que descobriram sua vocação em uma lente.
Outros, aprenderam a trabalhar em grupo pela primeira vez.
Teve quem começou só fazendo som de fundo e saiu dirigindo.
E teve quem voltou a sonhar com a escola.
É disso que se trata.
Não é sobre formar cineastas. É sobre formar pessoas.
Que saibam olhar o mundo com mais clareza,
e contar sua história com coragem.
Se a escola é feita para abrir janelas, o audiovisual é o vento que entra.
E deixa no ar aquela pergunta que fica ressoando, depois que a câmera desliga:
“Se eu posso contar a minha história, o que mais eu posso fazer?”