“Dia de luz, festa de sol e o barquinho a deslizar no macio azul do mar…”
Roberto Menescal escreveu isso com a alma à mostra. E quem já amanheceu em Arraial do Cabo sabe: a letra não é só canção. É retrato.
Porque em Arraial o mar não é cenário. É presença. É sustento. É escola. É vida.
Antes de virar município em 1985, Arraial também já era povo. Era rede, era remo, era fé. E ainda é.
Tem quem venha por causa das praias. E tem quem fique por causa das pessoas.
As rendeiras, os pescadores, os poetas de esquina. Gente que traz à luz, a sabedoria das mãos calejadas e dos olhos treinados no horizonte.
Entre uma rede lançada e outra recolhida, há quem siga sonhando. Quem escreva, cante, projete. Barquinhos de papel, projetos de papel, todos tentando navegar sem perder o rumo.
E também por isso a Barcco se chama assim: com dois “c’s”.
Como quem entende que cultura também precisa de casco. De cuidado. De gente dentro. Porque navegar bem acompanhado… faz toda a diferença.
Em cada projeto que nasce, há um pouco desse barquinho. Deslizando no azul. Carregando histórias. Puxando redes que não pescam só peixe.
Pescam sonhos.
Arraial tem o que o mundo anda esquecendo: tempo, sossego…
Sabedoria que não está nos livros, mas nas mãos de quem vive simples.
E a gente? Ah… a gente só está tentando ajudar a contar essa história — antes que ela se perca com a maré.