A primeira vez que eu vi uma renda de bilro sendo feita, confesso: não entendi nada.
Um emaranhado de fios, almofadas, pequenos pinos de madeira que mais pareciam instrumentos de outro século.
E eram.
Mas bastaram alguns minutos observando, para perceber: aquilo não era confusão.
Era coreografia. Era conversa entre dedos, tradição e tempo.
E o tempo… o tempo ali não tem pressa.
A renda de bilro é uma arte que não se explica só com palavras.
Ela se sente. No ritmo lento dos bilros batendo um no outro.
Na postura da artesã que aprendeu com a avó, que aprendeu com a mãe, que aprendeu com o mar.
Porque em Arraial do Cabo, o mar ensina até o silêncio. E é nesse silêncio que muitas mulheres aprenderam a sustentar suas casas, suas histórias, seus nomes.
Em um mundo onde tudo é rápido, digital e descartável, a renda de bilro parece ter vindo pra desafiar a pressa. Ela exige presença. Exige detalhe. Exige entrega.
Preservar a renda é preservar a memória
A renda de bilro é patrimônio vivo. E quando a gente cuida dela, está cuidando da identidade de um povo.
Investir em cultura não é só financiar eventos. É garantir que saberes não se percam.
É mostrar que o que é antigo não é velho — é raiz.
O valor de um ponto
Na renda, um ponto errado estraga o desenho inteiro.
Na cultura, o descaso de hoje pode apagar gerações de história amanhã.
Por isso, o que a gente faz aqui é mais do que bonito. É necessário. E precisa de apoio.
Se você acredita em legado, em pertencimento, em transformação real — talvez seja aqui o seu lugar.
Porque, assim como a renda, o que construímos na BARCCO é feito de fio a fio.
Mas com a ajuda certa, pode se tornar uma tapeçaria que atravessa o tempo.